domingo, 10 de junho de 2012

COMUNICAÇÃO E POLÍTICA – ELEMENTOS PARA UMA REFLEXÃO SOBRE ÉTICA


Todos nós sabemos o quanto a comunicação é importante para todos os setores da sociedade; uma vez que o ato de comunicar exprime uma vontade deliberada de expor pensamentos e ideias por atos, palavras ou imagens. Conquanto, nem sempre esta ação é de toda entendida /compreendida. Ora, desde os primórdios da humanidade que o ser humano busca uma forma de expor os seus pensamentos. Símbolos e signos foram criados com este propósito, para facilitar a compreensão e o entendimento de muitos.
                O símbolo é um elemento importantíssimo no processo de comunicação, uma vez que vem representar várias vertentes do saber humano. Acredita-se que ele potencializa a relação com o transcendente. Sendo um signo, o símbolo é sempre algo ou alguma coisa representativa para alguém. Por exemplo: o que este signo representa para você?

E estes?

     


            




    A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consiga fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação[1]. Percebam que não é uma escolha aleatória, mas resultante de convenções que são incorporadas ao inconsciente coletivo das pessoas e que, a partir daí, vão sendo introjetadas no estilo de vida das pessoas que as incorporam.
            Todos concordam que vivemos num mundo onde a comunicação mostra-se como mola motriz no desenrolar das relações sociais. A má administração dessas relações, em virtude do descuido com a comunicação, pode ocasionar sérios problemas administrativos nas instituições e organizações. É preciso que todos os profissionais possam compreender esta sentença: a de que não dá para vivermos em sociedade sem comunicação. Por outro lado, também, é importante entendermos que a comunicação não se limita meramente à fala e pode assumir diversas formas, como, por exemplo, memorandos, e-mails, boletins, apresentações visuais ou símbolos e mensagens não-verbais, tais como expressões faciais, roupas, corte de cabelo entre outros. A comunicação pode ser de dois tipos: interpessoal e organizacional. Focaremos a comunicação interpessoal, ou seja, entre duas pessoas, seja face a face ou em contextos de grupos.  E aqui temos alguns elementos importantes que precisam ser considerados, tais como: o emissor (quem transmite), o receptor (quem recebe), a mensagem (código transmitido) e o feedback (o entendimento). Neste sentido, conduzindo-os à política – ou, se preferirem, ao campo político – teremos, a partir de então, aquilo que é dito, por quem é dito, como é dito e aquilo que é compreendido. Logo, a comunicação deve ser entendida como responsabilidade de todos e, em especial, daqueles que precisam fazer uso dela para exercerem funções específicas no contexto social. No âmbito político ela é essencial.
            Embora muitos digam não gostar de política, não se pode conceber uma sociedade sem a mesma; uma vez que esta surge para desenvolver na sociedade organização e direção administrativa. Tendo sido denominada como arte ou ciência da organização[2] procura valer-se de seus pressupostos teóricos aos negócios internos (política interna) e aos negócios externos (política externa). Lembremos, ainda que, nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.
            Não esqueçamos que uma sociedade é um conjunto de pessoas ligadas de maneira orgânica por um princípio de unidade que ultrapassa cada uma delas[3]. E é neste princípio onde as pessoas se encontram e trocam experiências, onde estruturam as leis e normas que as direcionarão. É a partir daqui que a comunicação fará uso da ética para justificar e sustentar as questões e deliberações políticas de uma nação.
            Ora, conceitualmente já entendemos o que é comunicação e o que é política e que não existe uma sem a outra. Agora, nossa reflexão perpassa pelo conceito de ÉTICA. Esta, por sua vez, é entendida como um ramo da filosofia que se dedica aos assuntos morais. Pois bem, neste contexto como anda os assuntos morais na política? Até onde, enquanto cidadãos brasileiros, estamos respeitando estas questões? Ou isto não é importante? Lembrando que estamos em ano eleitoral, nada mais propicio do que falarmos sobre esta questão, uma vez que – em 07 de outubro próximo – iremos às urnas para elegermos pessoas, cidadãos, que irão nos representar nos poderes Executivo e Legislativo. Repito: enquanto cidadãos,  estamos nos preocupando com estas questões, ou isto é irrelevante, o mais importante é ganhar, custe o que custar?
            Caríssimos, lembremos que na filosofia clássica, a ética não se resume à moral – costume ou hábito, do latim mos, mores – mas busca a fundamentação teórica para poder encontrar o melhor caminho para vivermos e convivermos em sociedade, ou seja, busca o melhor estilo de vida, seja na vida privada ou em público. Incluindo aí os campos da antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, direito e a própria política. Neste ponto vemos o quanto é importante a nossa discussão a respeito da política em nossa sociedade e o quanto precisamos ter cuidado com as pessoas que estamos escolhendo, uma vez que estas precisam estar preparadas tecnicamente – cientificamente falando – para exercerem um dos postos mais importantes e mais disputados num regime democrático.  
            O Ministério Público do Piauí[4], por meio do Centro de Apoio Operacional de Combate à Corrupção e Defesa do Patrimônio Público, lançou, no dia 31 de maio do corrente ano, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, a edição 2012 da campanha de combate à corrupção intitulada “Eleições Limpas: O que você tem a ver com a corrupção?”.
            “O Brasil tem um longo histórico de corrupção e é preciso que a sociedade desperte para isso. O processo democrático é um processo no qual a sociedade escolhe seus representantes no Legislativo e no Executivo. Portanto, a sociedade deve conduzir o processo eleitoral em todas as suas etapas e aspectos, tanto elegendo seus representantes como cobrando e fiscalizando os gestores perante suas obrigações”, destaca Santos[5].
            É muito fácil nos desculparmos diante da sociedade dizendo: ah, o Brasil num tem jeito não; é assim mesmo. Político é tudo corrupto. É tudo ladrão. Bom, se esta sentença for uma verdade, então, estamos elegendo ladrões? Se a resposta for sim, então a responsabilidade recaia sobre nós: os eleitores. O povo brasileiro sente sede de justiça e da propagação da verdade. É urgente uma mudança em nosso status social, uma mudança cultural e só poderemos desenvolver esta mudança tendo a coragem de sermos éticos. Não trata-se de uma questão de apologia aos bons costumes, mas de uma reflexão sobre o bom proceder de todo cidadão. Afinal de contas, só mudaremos o mundo quando começarmos a mudar o nosso mundo interior. Pensemos nisto com carinho.

 A fábula do Beija-flor

... Era uma vez uma floresta num lugar longínquo, onde o Homem ainda não tinha chegado. Nessa floresta viviam muitos animais de diferentes espécies, tamanhos, cores e feitios. Era ainda o tempo em que os animais falavam.
Certo dia houve um incêndio, um grande incêndio, como nunca antes havia sido visto. Perante a tragédia, o pânico instalou-se. Os animais fugiam num alvoroço, cada um procurando, da melhor forma possível, fugir às chamas, ao fumo sufocante e ao intenso calor que se fazia sentir, só pensando em colocar-se a salvo o quanto antes.
Mas... Naquele cenário caótico, de desespero e medo coletivos, um pequeno animal teve um comportamento diferente. Na sua fragilidade, na sua singela figura, um beija-flor voava até ao lago e, com o seu pequenino e aguçado bico, recolhia, uma a uma, lenta mas persistentemente , gotinhas de água atrás de gotinhas de água, que ia depois deixando cair sobre o incêndio que lavrava cada vez mais descontrolado.
Um outro animal, observando intrigado o comportamento do pequeno beija-flor, interrompeu a sua fuga e perguntou: 
- Beija-flor, mas tu estás louco? Porque te arriscas assim? Tu achas verdadeiramente que vais conseguir apagar o incêndio dessa forma?
O Beija-flor respondeu então:
- Não... claro que não, eu sei que o meu pequeno esforço não será suficiente para apagar este incêndio tão grande mas... eu estou apenas... a cumprir a minha parte!
E você, está também fazendo a sua parte?

Com o carinho de sempre,

Salatiel Soares Diniz
Trabalhando com Ética e Responsabilidade Social.

SALATIEL SOARES - Consultoria & Psicologia Clínica
Rua Dr. Gonçalves, 31 - Cajá - Carpina - PE.
(81) 9964 9957
salatiel.psi@gmail.com


[1] Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolo, pesquisado em 01/06/2012 às 09:47
[2] - http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica – pesquisado em 02/06/2012 às 14:20.
[3]  - Cf.: Art. 1870 a 1883 do Catecismo da Igreja Católica.
[5]  - Fernando Santos, Promotor de Justiça.

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